Companheiras e companheiros,
É
com alegria no coração que, findo o Processo de Eleição Direta – PED,
venho agradecer a cada um(a) do(a)s 1.820 companheiro(a)s que votaram em
mim, no último domingo. Diante da poderosa máquina política mobilizada
para nos derrotar, que não teve escrúpulo em usar a estrutura de governo
para cooptar votos, constranger e intimidar a militância, os 31,2% dos
votos obtidos foram um bom resultado.
Nesses
quase sessenta dias de campanha, tive o privilégio de ir a todas as
cidades do DF dialogar com a militância, apresentar minhas propostas e,
de forma transparente, apontar os equívocos dos atuais dirigentes do PT,
que têm contribuído para o seu completo esvaziamento como instância de
discussão entre o governo e a sociedade. Participei de todos os debates,
mesmo enfrentando “claques”, organizadas por setores do GDF, que,
mediante a odiosa prática do assédio moral, frequentemente obrigavam
comissionados a esse papel indigno. Praticaram assédio moral inclusive
na hora da votação.
Sob
esse aspecto, é necessário reconhecer que este PED foi um processo
viciado desde o início. Houve uma intensa articulação por setores do GDF
no sentido de escolher o candidato, definir os aliados e recorrer a
métodos patrimonialistas e coronelescos de operar a máquina em favor do
atual presidente. Tudo isso com o objetivo de manter o PT-DF num papel
subalterno, de mero coadjuvante, que cumpre apenas a triste função de
legitimar os projetos políticos e ambições pessoais de um “seleto” grupo
de dirigentes.
Francamente,
não é este o PT que ajudamos a construir. O PT surgiu para libertar e
não para aprisionar. Surgiu para radicalizar na democracia e não para
subjugar quem se opõe às práticas exercidas por sua direção. Nosso
Partido foi forjado nas lutas populares e não na burocracia do Estado e
da máquina partidária. Por isso mesmo, penso que é importante aproveitar
este momento para fazer uma profunda reflexão junto à nossa militância a
respeito de alguns acontecimentos observados neste PED.
É
necessário avaliar, por exemplo, por que tivemos a mais baixa
freqüência de eleitores desde a implantação do PED, em 2001. Votaram, no
último domingo, apenas 6.891 filiados. Isso significa apenas 49,2%
daqueles que estavam aptos a votar (14.000) e 14,4% do total de filiados
(48.000). Pior ainda: o presidente eleito obteve apenas 3.656 votos, o
que significa 26% dos aptos a votar e pouco mais de 7% do universo de
filiados. O menor percentual na eleição de um presidente do PT no
Distrito Federal! Esses números preocupam muito, pois mostram que a
imensa maioria dos petistas não tem interesse em participar da vida
orgânica do PT e está desmotivada para exercer a sua militância.
Os
números refletem também a incapacidade da atual direção de, nos últimos
quatro anos, estimular o debate político, fazer as necessárias críticas
(e autocríticas), formular propostas e intervir no diálogo do partido
com o governo e com a sociedade. A (re)eleição de dirigentes com baixa
representatividade, que não tenham compromisso com o fortalecimento do
partido, mas apenas com os seus projetos e interesses pessoais, irá
contribuir para agravar ainda mais a situação antes descrita.
Essa
ameaça fica mais evidente quando se considera a inacreditável
desorganização demonstrada pelo diretório local do PT em conduzir um
processo dessa magnitude, a começar pelo completo e deliberado
desrespeito às decisões do IV Congresso Extraordinário do PT, que
definiu regras claras sobre filiações, formação política e finanças. De
“jeitinho” em “jeitinho”, atingimos o caos neste último domingo, quando
centenas de filiados com suas contribuições em dia não tiveram
assegurado seu direito de votar.
Mas
o Partido dos Trabalhadores é muito maior do que a sua presidência. O
PT é feito de homens e mulheres de coragem de coragem e de luta. Este é o
seu maior patrimônio, que é um patrimônio da classe trabalhadora e não
temos o direito de desistir deste projeto. Pelo contrário, devemos nos
organizar para disputá-lo, trazê-lo para a esquerda, assegurar seu
funcionamento orgânico, resgatar os seus valores, ampliar os seus
vínculos com os movimentos sociais e transformá-lo em um espaço vivo de
reflexão e permanente formulação de propostas para a construção de uma
sociedade livre da exclusão social, da discriminação e do preconceito,
em qualquer de suas formas. Precisamos reencantar a militância para que,
em 2014, possa sair às ruas com a alegria e a garra que sempre a
caracterizaram e, assim, garantirmos a reeleição da presidenta Dilma e
do governador Agnelo Queiroz.
Muito obrigada pelo seu voto e seu apoio.
Um abraço fraterno.
Erika Kokay - Deputada Federal e militante do PT
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