segunda-feira, 7 de outubro de 2013

COMO A REDE SUSTENTABILIDADE CAIU NA REDE DO PSB E NA VALA COMUM DOS PARTIDOS CONSERVADORES


                A proposta inicial da criação da Rede Sustentabilidade era de criar uma legenda bem distinta dos demais partidos políticos, que tivesse o compromisso com a ambiental-social num contexto de alternativa à realidade do país,  que fosse profundamente democrática.
                Para explicar sua proposta, Marina Silva, como porta-voz de um grupo de pessoas, declarou que criaria um partido que seria alternativo aos que estão aí. Nem nome de partido usaria, mas sim de Rede Sustentabilidade.
                No seu discurso de filiação ao PSB e na entrevista coletiva, o EU predominou. Uma caudilha tomando decisões. Decisões que enterram a Rede Sustentabilidade como alternativa.
                De fato, como ela disse que não queria ser Madre Tereza de Calcutá, resolveu entrar para o PSB, partido que é conhecido por seu conteúdo conservador e de grandes empresários do Partido da Terra, do chamado grupo ruralista (que na realidade é contra a democratização da produção e da propriedade no campo), do qual 36% votaram contra o Código Florestal.
                Já sabia que ela nunca teria vocação para ser Madre Tereza de Calcutá, pois Marina Silva é evangélica, submissa a seu pastor pentecostal. Jamais, portanto, teria a abnegação de uma irmã Teresa de Calcutá; pois Marina Silva é imediatista e centralizadora, tomaria uma decisão de cima para baixo, similar a de caudilhos.
                Agora, dizer que o entrave existente na legislação que forçou isto, é tentativa de achar um culpado pela própria incapacidade de seus pares. É não ser sincera e nem respeitar a legalidade.
                Por outro lado, foi para a legenda que tinha justamente os inimigos do PT, como Bornhausen, Caiado e Heráclito Forte e o, então, decadente e vacilante Campos (neto de Arraes, mas bem distinto deste).
                Se a Rede Sustentabilidade de Sustentabilidade esperasse até 2016 para participar das eleições municipais, poderia ser uma grande alternativa, mas preferiu cair no lugar comum das alianças amplas e de fortalecer propostas em certo ponto conservadoras no contexto político brasileiro.
                E, para piorar, é só ouvir o discurso de filiação ao PSB, para ver que a decisão foi solitária e imposta aos seus pares, um caudilhismo que pode rumar fácil para o fracasso total ou então para ficar na vala comum dos partidos conservadores. Ela decidiu só, impôs a direção e a direção à base, nem o Comitê Central ou algo similar participou da decisão. E ainda tem a cara de pau de acusar um chavismo no PT, e, que seria na rede, verticalismo hitleriano.
                Estranhamente, o verticalismo tem tamanha força na Rede Sustentabilidade que até o histórico Alfredo Sirkis, uma das mentes mais claras da Rede Sustentabilidade, se submeteu a ele.
                A mim ela nunca enganou, com sua visão “ecológica”, de certo modo messiânica, com submissão a uma imposição arcaica de pastores, cuja postura na questão de direitos humanos nunca será avançada. Ela mesma não aponta efetivamente para uma transformação social e econômica. Mas é sim impositiva com visão similar dos políticos da época que foi necessária e histórica a intervenção do Marques de Pombal.  
                Sem argumentos para justificar sua inflexão e abandono da autenticidade da Rede Sustentabilidade, ela passa ao ataque ao PT, dando a entender que a culpa de sua incompetência vem do Governo, quando na realidade, nem quando ela era Senadora, formulou proposta para democratizar mais o quadro eleitoral político brasileiro.
                Por outro lado, quem saiu ganhando com esta aliança?
                Eduardo Campos, mesmo dentro do PSB, quando perdia aliados para a campanha e caia nas pesquisas, com fracionamentos diversos do PSB, debandada de muitos,  enfraquecimento que recebe uma sobrevida com a opção de Marina Silva ir apoiar a candidatura de Campos. Com certeza, Eduardo Campos, que era desconhecido da maior parcela do eleitorado de Marina Silva e poderá ganhar algumas mentes e votos, principalmente entre os menos politizados e de forma duradoura.
                Ademais, o ganho  reduzira se houver a não difícil clareza popular sobre a contradição vigente no interior do PSB hoje, onde consta de ruralistas contra a luta ecológica e militantes ecológicos, defensores da democracia e banqueiro e latifundiários da extrema-direita, trabalhadores e grandes empresários.            Pode até aparentar,  para os menos reflexivos e no discurso da direta,  uma terceira via, mas não  é isto.
                Mas, este ganho não está assegurado e nem mesmo a candidatura de Eduardo Campos, pois membros da base da Rede Sustentabilidade divulgam na internet uma rasteira em Eduardo Campos; querem Marina Silva como candidata à Presidência e não Vice.
                Soma-se a esta campanha, o fato notório para quem assistiu o discurso de Marina Silva, ao declarar, em tom de palanque eleitoral, apoio à candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República, estava fazendo claramente campanha fora de época, queimando a candidatura emergente do governador pernambucano.  O que pensava ela com este gesto?  Onde estará o Ministério Público Eleitoral?
                 Com aliança Marina Silva / PSB,  quem sofre mais abalos, sem dúvida, é o Aécio Neves e a extrema direita, que queriam trazer Marina Silva ou para suas hostes ou para o amorfo e cada vez mais conservador PPS. E agora, poderão perder terreno com a polarização Eduardo Campos/Marina Silva com Dilma Rousseff/Lula.
                 A inflexão da Rede Sustentabilidade à direita foi grande; não foi toda agora poderá ocorrer ainda mais, no jogo eleitoral, dado que se noticia uma aliança entre Aécio Neves e Eduardo Campos para contrapor com Dilma Rousseff, uma aliança de não agressão mais à direita do que aquela que concebia a Rede Sustentabilidade quando se curvou à imposição de sua chefa caudilhista.
              Ora, de fato, como fazer uma política progressista sem atacar os desvios de direita na proposta do PSDB, PPS e seus sequazes, um rebaixamento da campanha como nunca se esperou neste pais de um partido (ou rede)progressista.
               Mas, caso persista a candidatura de Eduardo Campos, os mais politizados da Rede Sustentabilidade, principalmente aqueles que tiveram garra de buscar apoios para a criação da nova legenda, poderão sair do barco furado, o mesmo ocorrendo com aqueles mais despolitizados, fracionado mais ainda o projeto da Rede Sustentabilidade como alternativa política na cena política brasileira.  Abrirá, assim, espaço para um crescimento da candidatura de Dilma Rousseff, que terá o apoio já declarado de Lula e da aguerrida militância petista.
                ENFIM, o golpe de misericórdia da inviabilidade de uma alternativa política transformada com a sigla Rede Sustentabilidade morreria na semana passada, quando Marina Silva fez a opção pelo PSB, quando constatou a incompetência que seus seguidores tiveram em criar a nova legenda, talvez muitos deles preocupados mais em ofender até moralmente petista e à presidenta Dilma Rousseff do que construir a Rede Sustentabilidade, como aqueles que estiveram nas manifestações de junho formando fila com a direita fascista e impedindo a manifestação dos partidos de esquerda. E, sem sinceridade, Marina tenta culpar o PT pela não existência da legenda e joga como qualquer político de direita pragmático.